terça-feira, abril 13, 2010

LENDA DE SANTA IRIA

"Nascida de uma rica família de Nabância(próxima da moderna Tomar), Iria recebeu educação esmerada e professou num mosteiro de monjas beneditinas, o qual era governado pelo seu tio, o Abade Sélio.


Devido à sua beleza e inteligência, Iria cedo congregou a afeição das religiosas e das pessoas da terra, sobretudo dos jovens e dos fidalgos, que disputavam entre si as virtudes de Iria.

Entre estes adolescentes contava-se Britaldo, herdeiro daquele senhorio, que alimentou por Iria doentia paixão. Iria, contudo, recusava as suas investidas amorosas, antes afirmando a sua eterna devoção a Deus.

Dos amores de Britaldo teve conhecimento Remígio, um monge director espiritual de Iria, ao qual também a beleza da donzela também não passara despercebida. Ardendo de ciúmes, o monge deu a Iria uma tisana embruxada, que logo fez surgir no corpo sinais de prenhez.

Por causa disso foi expulsa do convento, recolhendo-se junto do rio para orar. Aí, foi assassinada à traição por um servo de Britaldo, a quem tinham chegado os rumores destes eventos.

Jactado ao rio, o corpo da mártir ficou depositado entre as areias do Tejo, aí permanecendo, incorruptível, através dos tempos.

O corpo, seguiu o curso do rio e, foi parar a Santarém. (Santa Iria, Santa Irene, Santarém. O dia do martírio de Iria, seria 20 de Outubro do ano 635 da era de Cristo.


O seu culto foi muito popular durante a dominação visigótica, de tal forma que a velha Scallabis romana passou a ser chamada de Santa Iria (e daí derivou a moderna Santarém, através de Sancta Irene). O culto foi perpetuado através do rito moçárabe, mantendo-se ainda hoje como padroeira de algumas igrejas portuguesas, muito embora não seja considerada uma santa canónica pela Igreja Católica."

in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Iria


É TRADIÇÃO EM TOMAR NO DIA 20 DE OUTUBRO, AS CRIANÇAS DAS ESCOLAS, IREM COM FLORES E ATIRAREM AO RIO.



Santa Iria



Estando eu a coser

Na minha almofada,

Minha agulha de ouro,

Meu dedal de prata,

Passou um cavaleiro,

Pediu-me pousada.

Se meu pai lh’a desse,

Estava mui bem dada;

Deu lh’a minha mãe

Por ser confiada.

Subiu para cima,

Elle se assentou;

Puz-lhe a meza,

Elle ceou;

Fiz-lhe a cama,

Elle se deitou.

Era meia noite dada,

Elle em mim pegou,

Levou-me p’r o monte,

Lá me perguntou

Como me chamava?

Em cas’ de meu pai

Iria a fidalga;

No meio destes montes

Iria coitada.

Por esta palavra

Serás degolada.

Puchou do alfauge

E a degollou;

Coberta de rosas

Alli a deixou.

D’alli a sete annos

Por alli passou:

Pastorinhos novos,

Que guardaes o gado

Que Santa é aquella.

Que está n’aquelle adro?

«É a Santa Iria;

Morreu degollada!

Oh Santa Iria,

Meu amor primeiro,

Perdôa-me a morte,

Serei teu romeiro.

«Não perdôo, não,

Vilão carniceiro,

Da minha garganta

Fizeste carneiro:

Do meu cabellinho

Fizeste dinheiro.

Veste-te de azul

E mais de amarello;

Se Deus te perdoar.

Perdoar-te quero.



In:“Romanceiro” de Teófilo Braga.

1 comentário:

4º Virgem do Carmo UE disse...

Santa Iria tradiçoes...
Acho que fazem muito bem.
xD

lol

Ps: Ja deste banho ao pato?

=)