É a rosa caída
É o vento a cantar
É o copo e o vinho
É o louco e o caminho
É o pó da estrada
É a noite acordada
É o sonho é o rio
É o Verão é o frio
É o amor o vazio
É o chão da cidade
É a moda a vaidade
É o riso total
É o bem é o mal
É o barco é o cais
É o adeus são os ais
É o céu o inferno
É a fé é a esperança
É o choro a criança
É a merda o ruído
É o bicho do ouvido
É o click infernal
Duma arma a apontar
É a morte é a vida
A raiz apodrecida
É a mesa é a fome
É o sono que não dorme
É a alma perdida
É a vida fodida
É a mão é a tesão
É a raiva é o pão
É o dente da vida
É a mãe é o pai
É o menos é o mais
É a dor que é de mais
É o chuto na bola
É o pago é o deve
É o pesado é o leve
É a roupa da cama
É a chuva é a mama
É o lençol é o suor
É a boca que ama
É o beijo é a dor
É a cor é o belo
É a serra e o castelo
É a montanha a entranha
É a igreja a esperança
É a fé a criança
É o louco a matança
É a porca da vida
É o bem é o mal
É o choro infernal
É o ódio sem jeito
É a cruz no meu peito
É o lembrar o esquecer
O andar a correr
É a pressa apressada
É a morte na estrada
É a curva a direito
É o puro o perfeito
É o luto o enterro
O exílio o destino
É o feio o bonito
É silêncio é grito
É o cante magoado
É o rock é o Fado
É o ciúme a inveja
É o whisky a cerveja
É a puta da vida
Que a morte deseja
José Luís Gordo
in Recados ao Fado
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